ROTINA



Todo dia o mesmo.

Você acorda, toma seu banho, escova os seus dentes e vai fazer as suas obrigações como cidadão da máquina.

Entra em um ônibus que tem espaço para 54 pessoas mas tem 62, lotado.

Chega na firma depois de ter enfrentado aquela prova de resistência do BBB, dá bom dia para seus colegas de trabalho e ninguém responde. 

Estão ocupados demais pro bom dia.

Quando lá do fundo da copa vem uma voz única e alegre, é a dona Márcia, a moça da limpeza cantarolando um bom dia como se fosse um sábado de manhã.

Café quente, cheiro longo
pão na chapa, queima o dedo

6 minutos de café da manhã, bater o ponto e começar mais uma jornada sentado na frente de um computador preenchendo e verificando documentação com valores absurdos (valores esses que nunca serão vistos na maioria das contas bancárias, por sinal).

Pausa!

Você precisa ir ai banheiro.

Entrou, fez as necessidades, saiu.

5 minutos. Tempo bom.

Eles tiraram a trinca do banheiro... Não dá mais pra demorar.

Mais romaneios, mais notas fiscais e mais números infinitos.

Metade do expediente. Hora da pausa.

Mais café, xícara inteira dessa vez.
Não tem açúcar, acabou.

Engole seco - sem doçar.

De volta pra mesa, remessa nova de notas fiscais pra dar baixa.

Chefe entrou.

Todos dão bom dia como se estivessem em Carossel.

Ele conta uma piada.

Todos riem.

Ele entra na própria sala...

Silêncio de novo.

Mais notas fiscais.

Mais café.

Hora de ir embora. 

Música.
Muita música.

A vista não é tão ruim assim, o caminho pode ser longo mas a viagem nas melodias é maior.

Tá chegando, é o ônibus.

E é isso.
Todo dia.

A mesmice quase levou a melhor...

A falta de emoção quase te desesmocionou.

Um tropeço era queda, um pulo era o fim.

Mas não hoje. Não naquele momento.

O futuro é duvidoso e na dúvida resolveu permanecer... Até agora.

Agora que começa a parte boa.
Agora que vai fazer sentido.

Agora você tá vivo.

Aproveite! Só não olhe pra trás.

***


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